redescobrir-me, libertar-me de algumas das camadas de pele que teimam em não cair, reinventar-me expondo a minha nudez...
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Musical Joseph and the amazing technicolor dreamcoat
Casting 7 e 8 de Fevereiro entre as 15 e as 20 h Salesianos do Estoril aparece!!!!!
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
onda que bate forte
onda que bate forte
ou traz sorte ou pode a morte
Era um daqueles dias, sem inspiração. Sofia olhava para a folha em branco e nada. Tinha um prazo para cumprir e a redacção fechava em breve. Pegou no carro e dirigiu-se para junto do rio. Estava um dia desagradável, frio, chuvoso. Não se via vivalma. Estacionou e pôs-se a observar as gaivotas sôfregas de mar que, não temendo as vagas, procuravam capturar desnorteados peixes. Um pequeno carro vermelho aproximou-se do seu e parou. Sofia vislumbrou, curiosa,por entre os vidros embaciados, o vulto de uma mulher. Ficaram lado a lado impassiveis. Sofia com o pânico da folha branca, a mulher do carro vermelho com outro pânico qualquer. Subitamente o pequeno carro acendeu as luzes, iniciou a marcha, acelerou a fundo, precipitando-se sobre o rio. Sofia,incrédula, tentou sair do carro, debatendo-se com o cinto de segurança, correu na direcção do rio, debruçando-se a medo. O coração disparado viu o carro a afundar-se lentamente. Atirou-se, sem pensar, naquela água escura e gelada. Naquele caixão metálico a mulher lá estava, paralisada pelo medo. A custo Sofia içou-a pelos braços sem oposição. Permaneceram juntas chicoteadas por furiosas vagas. Sofia julgou morrer de frio e de medo quando uma onda gigante se dirigiu na sua direcção. Fechou os olhos e deixou-se levar apertando o corpo hirto da mulher imóvel.
Pelas 19h os noticiários abriram com a notícia: "Sofia Castanheira, jornalista da TVI, faleceu com 30 anos de idade, ao tentar salvar uma jovem de 20 anos. A jovem encontra-se nos Cuidados Intensivos mas o seu estado não inspira cuidados."
nunca mais vou acreditar
fazes-me pensar no que não sinto
sentindo o que não penso
voltei ao turbilhão cansada
do remoinho
quando só queria águas calmas
impasses tantos
carências todas
deixa-me percorrer o meu destino
é o que te peço
não me confesses a vida
não acredito
nunca mais vou acreditar
sentindo o que não penso
voltei ao turbilhão cansada
do remoinho
quando só queria águas calmas
impasses tantos
carências todas
deixa-me percorrer o meu destino
é o que te peço
não me confesses a vida
não acredito
nunca mais vou acreditar
sábado, 31 de janeiro de 2009
lanço-te palavras ao vento
lanço-te palavras ao vento
devolves-me indiscretos ecos
não sabes ler o vento
não sentes a minha pele
maldição a minha
devolves-me indiscretos ecos
não sabes ler o vento
não sentes a minha pele
maldição a minha
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
o quarto mudou de cor...
O quarto mudou de cor, de tamanho, de tudo. Azul, agora é azul. A cama cresceu tanto, arrefecida pela tua ausência, como a detesto! Arrastei aquele biombo de patos tolos e virei-lhe as costas. Os dois candeeiros tortos ainda desafiam a gravidade. No psiché jazem colares e vejo-me envelhecer todos os dias. A gata teima em subir para a televisão para ver o jardim por entre os cortinados. Já não a afasto. Ocupei o roupeiro todinho para que não reste qualquer espaço ou recordação de ti. Já nada sobra, já nem tenho espaço para mim. Os sapatos multiplicam-se como coelhos numa cartola. Um dia encerro este quarto de vez. Juro!
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
dejá vu
Joana empalideceu, deixando cair o telemóvel de André. As lágrimas escorrerram-lhe pela face. Deixou-se cair na cama, sem alento, com o coração disparado. Automáticamente baixou-se para apanhar o telemóvel e tornou a colocá-lo exactamente no sítio onde o encontrara.
A água do banho parara de correr ao sabor das palavras que lhe martelavam a cabeça. "Estou grávida! Um beijo Meu Amor!"
Levantou a cabeça e viu-se reflectida no espelho do psiché, mais feia do que alguma vez fora. Estava gorda naquela camisa de noite de flanela grossa por debaixo do roupão de nylon, soterrado de borbotos. Nos pés as meias grossas de cor berrante que comprara em saldos.
André apareceu cheiroso, embrulhado numa toalha, deu-lhe um beijo na testa:
-Olá bébé!.
André, 50 anos, alto, corpo ainda atlético, sempre bem vestido, gerente bancário. Joana, 39 anos, baixa, forte, complexada, de aspecto desleixado, dona de casa.
A água do banho parara de correr ao sabor das palavras que lhe martelavam a cabeça. "Estou grávida! Um beijo Meu Amor!"
Levantou a cabeça e viu-se reflectida no espelho do psiché, mais feia do que alguma vez fora. Estava gorda naquela camisa de noite de flanela grossa por debaixo do roupão de nylon, soterrado de borbotos. Nos pés as meias grossas de cor berrante que comprara em saldos.
André apareceu cheiroso, embrulhado numa toalha, deu-lhe um beijo na testa:
-Olá bébé!.
André, 50 anos, alto, corpo ainda atlético, sempre bem vestido, gerente bancário. Joana, 39 anos, baixa, forte, complexada, de aspecto desleixado, dona de casa.
No quarto, sempre num brinco, pululavam tapetes de diferentes tamanhos e padrões que ocultavam parcialmente o chão, polido dia sim, dia não. Os naperons de crochet, cuidadosamente embebidos em goma, protegiam os móveis dos riscos dos bibelots.
Hoje não havia pequeno almoço cheiroso porque o mundo desabara antes das 7h da manhã.
André já parcialmente vestido, olhava de novo Joana, sentada, imóvel na borda da cama. Algo de errado se tinha passado. A medo agarrou no telemóvel e apercebeu-se imediatamente do que acontecera. Leu de soslaio as mensagens e explicou na sua voz mais terna:
-Bébé, só pode ser uma brincadeira, não conheço ninguém com este nome. Juro-te pela alma da minha mãezinha!
Joana não o ouviu, na mão apertou o teste de gravidez que, abruptamente, enfiou no bolso do roupão.
André tentou falar mas a voz não cedeu, insistiu e num impeto confessou:
-Já te devia de ter contado, mas tu estiveste doente tanto tempo naquele Hospital, que numa das visitas, já lá vão 5 anos, conheci uma pessoa. Juro-te que ela não significa nada para mim. Eu nem quero ter filhos, lembras-te? Isto foi a gota final. Acabou de vez! És a mulher da minha vida!
Joana continuou, imóvel, a olhar o espelho do psiché. Acariciou o bolso e não impediu que uma nova lágrima traiçoeira se esgueirasse. Num impeto correu para a porta da rua e saiu. Chovia torrencialmente, naquele dia de Inverno. A chuva colou-se-lhe ao corpo torneando aquelas formas que há anos procurava ocultar, em vão. Continuou a correr até as pernas fraquejarem junto ao mar. Deixou-se cair em desalento na areia molhada e aninhou-se olhando as vagas. Sentiu calor a sair do seu baixo ventre e desmaiou.
Acordou numa cama de hospital. Percebeu tudo, na troca de olhares tristes da sua avó que lhe afagava a mão com tanto amor.
Hoje não havia pequeno almoço cheiroso porque o mundo desabara antes das 7h da manhã.
André já parcialmente vestido, olhava de novo Joana, sentada, imóvel na borda da cama. Algo de errado se tinha passado. A medo agarrou no telemóvel e apercebeu-se imediatamente do que acontecera. Leu de soslaio as mensagens e explicou na sua voz mais terna:
-Bébé, só pode ser uma brincadeira, não conheço ninguém com este nome. Juro-te pela alma da minha mãezinha!
Joana não o ouviu, na mão apertou o teste de gravidez que, abruptamente, enfiou no bolso do roupão.
André tentou falar mas a voz não cedeu, insistiu e num impeto confessou:
-Já te devia de ter contado, mas tu estiveste doente tanto tempo naquele Hospital, que numa das visitas, já lá vão 5 anos, conheci uma pessoa. Juro-te que ela não significa nada para mim. Eu nem quero ter filhos, lembras-te? Isto foi a gota final. Acabou de vez! És a mulher da minha vida!
Joana continuou, imóvel, a olhar o espelho do psiché. Acariciou o bolso e não impediu que uma nova lágrima traiçoeira se esgueirasse. Num impeto correu para a porta da rua e saiu. Chovia torrencialmente, naquele dia de Inverno. A chuva colou-se-lhe ao corpo torneando aquelas formas que há anos procurava ocultar, em vão. Continuou a correr até as pernas fraquejarem junto ao mar. Deixou-se cair em desalento na areia molhada e aninhou-se olhando as vagas. Sentiu calor a sair do seu baixo ventre e desmaiou.
Acordou numa cama de hospital. Percebeu tudo, na troca de olhares tristes da sua avó que lhe afagava a mão com tanto amor.
sábado, 24 de janeiro de 2009
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Assim é Cascais na despedida
A terra afastava-se lentamente de mim como que suplicando-me para não partir. A água rodeava-me abraçando-me. Lentamente o casario suspenso nos penhascos deslizava, como se a sua imobilidade se tivesse tornado desnecessária. As praias sucediam-se entre areias brancas e escarpas recortadas pela ira do mar, hoje calmo. O comboio corria procurando acompanhar-nos percorrendo a terra que ora subia ora descia a seu belo prazer. Pontilhada por torres altas agressivamente dissonantes, sucediam-se, palmeiras, penhascos, casas com história, aqui e acolá guindastes agigantavam-se sobre os esqueletos dos novos prédios. Hoje o Tejo beijava-lhe suavemente os pés enquanto do outro lado o mar hesitava entre a valentia e a cobardia. A bela fortaleza tão esquecida perdeu o belicismo e observava os barcos indolentemente ricos enquanto protegia os outros, assombrados por bandos de frenéticas gaivotas .
Assim é Cascais na despedida.
domingo, 18 de janeiro de 2009
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
disseste-me com pena
que já não me poderias ajudar
como te enganas
que não tive culpa
que tudo já tinha acontecido antes
sei que sim
mas isso não diminui a minha culpa
que tinhas pena
é verdade
mas nem todas as verdades
são sinceras
a vida não se muda
segue o rumo destinado
por algum desígnio oculto
e quando me disseste
que era a ultima despedida
que esperavas por mim
acreditei
cumpriste o prometido
e eu cumpri a minha promessa
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
O meu nome é Fish
O meu nome é Fish. "Bué de fixe" para o meu dono.
Vivo aqui nesta água que, de vez em quando, ele se esquece de mudar.
Ainda bem que ontem foi dia de lavagem... esta coisa de ter de andar aqui às voltas já é um sufoco e sem conseguir ver nada para fora imaginem...
Aquela gata, ranhosa, que está ali é a Mathilde e aquela cadela, pindérica, é a Buhh.
Estão muito amiguinhas para o meu gosto.
Estão a tramar alguma.
Ok. Estão a olhar para mim!!!!
Tenho de disfarçar.
Mais uma voltinha lá,lá,lá...
Meu Deus! Agora juntou-lhes a outra gata rafeira que tem nome de cão, a Odie.
Isto não vai correr bem...é melhor dar outra voltinha e disfarçar, lá,lá, lá...respirar fundo...
Acho que estou a hiperventilar!!!! Vou fazer bolhinhas! Glu, Glu, Glu...
Bolas!!!!
Estão a aproximar-se e não gosto do ar ameaçador...
Eu não disse que esta cadela é mesmo estúpida? Em vez de andar atrás dos gatos, vem atrás de um peixinho inocente como eu? Ela nem gosta de peixe!!!!!
Subitamente ouve-se um Dling, Dlong. Do outro lado da porta alguém grita " Correio!" A cadela começa a ladrar e as gatas,assustadas, partem o jarrão chinês.
Safa! Escapei de boa. Benditos CTT!
Agora quero ver a reacção do meu dono quando entrar na sala.
Ainda bem que estou aqui às voltas dentro de água...
Eu não fui!
Vivo aqui nesta água que, de vez em quando, ele se esquece de mudar.
Ainda bem que ontem foi dia de lavagem... esta coisa de ter de andar aqui às voltas já é um sufoco e sem conseguir ver nada para fora imaginem...
Aquela gata, ranhosa, que está ali é a Mathilde e aquela cadela, pindérica, é a Buhh.
Estão muito amiguinhas para o meu gosto.
Estão a tramar alguma.
Ok. Estão a olhar para mim!!!!
Tenho de disfarçar.
Mais uma voltinha lá,lá,lá...
Meu Deus! Agora juntou-lhes a outra gata rafeira que tem nome de cão, a Odie.
Isto não vai correr bem...é melhor dar outra voltinha e disfarçar, lá,lá, lá...respirar fundo...
Acho que estou a hiperventilar!!!! Vou fazer bolhinhas! Glu, Glu, Glu...
Bolas!!!!
Estão a aproximar-se e não gosto do ar ameaçador...
Eu não disse que esta cadela é mesmo estúpida? Em vez de andar atrás dos gatos, vem atrás de um peixinho inocente como eu? Ela nem gosta de peixe!!!!!
Subitamente ouve-se um Dling, Dlong. Do outro lado da porta alguém grita " Correio!" A cadela começa a ladrar e as gatas,assustadas, partem o jarrão chinês.
Safa! Escapei de boa. Benditos CTT!
Agora quero ver a reacção do meu dono quando entrar na sala.
Ainda bem que estou aqui às voltas dentro de água...
Eu não fui!
sábado, 3 de janeiro de 2009
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
e o coração me trai de dor
despeço-me de ti
com um beijo
cheiro o teu cabelo
afago o teu rosto
enquanto me perco
nos teus braços trémulos
dizes-me uma frase
de despedida
e em mim
escorrem aquelas lágrimas
que nunca te quis mostrar
vejo-te digno
como sempre
na ultima batalha
baixas os braços
resignas-te
e admiro-te
enquanto te deixo
rodeado de amor
e o coração me trai de dor
com um beijo
cheiro o teu cabelo
afago o teu rosto
enquanto me perco
nos teus braços trémulos
dizes-me uma frase
de despedida
e em mim
escorrem aquelas lágrimas
que nunca te quis mostrar
vejo-te digno
como sempre
na ultima batalha
baixas os braços
resignas-te
e admiro-te
enquanto te deixo
rodeado de amor
e o coração me trai de dor
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