terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Assim é Cascais na despedida

A terra afastava-se lentamente de mim como que suplicando-me para não partir. A água rodeava-me abraçando-me. Lentamente o casario suspenso nos penhascos deslizava, como se a sua imobilidade se tivesse tornado desnecessária. As praias sucediam-se entre areias brancas e escarpas recortadas pela ira do mar, hoje calmo. O comboio corria procurando acompanhar-nos percorrendo a terra que ora subia ora descia a seu belo prazer. Pontilhada por torres altas agressivamente dissonantes, sucediam-se, palmeiras, penhascos, casas com história, aqui e acolá guindastes agigantavam-se sobre os esqueletos dos novos prédios. Hoje o Tejo beijava-lhe suavemente os pés enquanto do outro lado o mar hesitava entre a valentia e a cobardia. A bela fortaleza tão esquecida perdeu o belicismo e observava os barcos indolentemente ricos enquanto protegia os outros, assombrados por bandos de frenéticas gaivotas .

Assim é Cascais na despedida.

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