sexta-feira, 26 de setembro de 2008

nas veias que me escondes

nas veias que me escondes
nas palavras que teimas em guardar
cai o silêncio dos tempos acumulados
na dureza inglória que escolheste envergar
não consigo dizer-te o que sinto
as palavras amontoam-se na garganta
cortam-me a respiração
quero escrever-te tudo
e as letras suplicam-me que as deixe
queria tocar-te em abraços
mas as mãos ficam imóveis
escorregam-me lágrimas que não quero
nada que faça altera o curso
percorreremos os veios traçados
por entre arrependimentos
que nunca revelaremos
nós somos assim
nada a fazer

terça-feira, 23 de setembro de 2008

não tenhas medo do medo

não tenhas medo do medo
não fujas
ele vai-te encontrar
o medo não é só teu
confia que o vais superar
o medo não tem razão
é sombra unicamente
terás de senti-lo
em vão
para puderes seguir
em frente
não tenhas medo
estou cá
em abraços consentidos
sente a força que tens
não tenhas medo
do medo

domingo, 21 de setembro de 2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

percorro vielas

percorro vielas
onde te sinto
visito outras
que têm o meu cheiro
fujo dos becos
guardados por cães ferozes
dos caminhos
que assinalam perigo
e dos outros
perigosamente calmos
debruados
por monótonas paisagens
descubro estradas
que alteraram
os sentidos
outras que quero percorrer
a teu lado

terça-feira, 16 de setembro de 2008

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

hoje o chão está tão longe

lembro-me do tempo
em que tinhamos tempo
em que brincar
era tão importante como respirar
lembro-me dos dias
em que o chão
era o nosso mundo
e estava tão perto
lembro-me dos nossos joelhos
massacrados por arranhões
que curávamos com beijos
lembro-me dos pesadelos
que afinal não o eram
lembro-me das unhas encardidas
que esfregávamos antes de jantar
que pena...
hoje o chão está tão longe

terça-feira, 9 de setembro de 2008


ignoro-te
deslocado
dispo-me do que não sou

tenho dias

tenho dias sem tempo
dias que correm azedos
contrastando com os dias doces
que me dedicas
tenho dias de fúria
de calores extremos
dias solitários
no meio de multidões
tenho dias correntes
outros recorrentes
dias de paz e de guerra
dias que duram horas
outros apenas segundos
há dias em que não penso
outros em que não existo
mas mesmo nesses dias
estás presente
de alguma forma

sábado, 6 de setembro de 2008

entre carregos


entre carregos
aguardo o tempo
em que te lembrarás de mim

esta é a minha pátria querida

entre caravelas brancas
portos côr de rubi
hóstias camuflando
doces tentações
entorpecem-me
os passos
por entre os canais suaves
que tanto me abrandam
no êxtase
das explosões de cores naifs
sinto-me mimada
nestes privilégios
partilhados