quarta-feira, 7 de maio de 2008

hoje há teatro


entro no camarim
todos os dias
me olho no espelho
e tento corrigir
a minha pele
cubro os poros
com os pós
nas palpebras
coloco cor
nos lábios não toco
aliso o meu cabelo
e visto os adereços
para a peça de teatro
que é o dia
encarno a personagem
que crio diariamente
segura
feliz
dizem que inalcansável
em mimicas
que ainda não domino
no fim do espectáculo
limpo tudo
olho-me no espelho
e vejo-me cansada
dos aplausos da vida
amanhã há de novo
teatro

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