quarta-feira, 18 de março de 2009

foi o ciúme que impediu Raul de dormir

Deitou-se contrafeito, não lhe saia da memória aquele olhar. Aqueles breves segundos mudaram a sua vida. O olhar penetrante, o bater descompassado do coração que julgava já não ter. O toque ao de leve daquela pele macia, quando se baixou para lhe apanhar o lenço. Todo aquele corpo novo, por explorar, que não lhe pertencia por direito, encimado por aquele sorriso desconcertante que lhe dirigira de agradecimento. Na mão uma aliança, a seu lado um homem demasiado velho que não a merecia e que nem dera por nada. Ana, chamara-lhe ele com voz rouca. Não é crime apaixonar-se por alguém comprometido, repetira incessantemente. O amor acontece, não se escolhe, Raul dizia a si próprio, enquanto rebuscava na memória o cheiro daquele perfume inebriante. É precipitado terminar uma relação assim mas que se lixe, ela nunca iria perceber a bem. Joana ressonou alto e virou-se na cama enlaçando-se no seu corpo. Por breves instantes imaginou Ana em situação idêntica e afastou-a com repulsa. Foi o ciume que impediu Raul de dormir.

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