sábado, 20 de dezembro de 2008

sem avisar

Maria ficou chocada, uma notícia destas...uma verdadeira bomba!
Aos quarenta anos, depois dos filhos criados nada fazia prever...não vira ou não quisera ver, os atrasos sucessivos, as desculpas tão convincentes que até a faziam ter pena dele.
Coitado do Carlos! E afinal o mundo desabou sobre si em três palavras:
"Quero o divórcio! "
Assim. Sem mais nem menos. Numa noite em que o candeeiro da rua tinha a luz trémula, tão trémula como as batidas do seu coração. As crianças em pijama na sala e ela gelada ali à porta. Paralisada pela surpresa. E as palavras a serem repetidas, de novo, para ver se entravam a sério dentro de si. Entraram e sairam-lhe também três: "Ok. tudo bem!"
Ok? Porquê Ok? pensou em transe.
Emudeceu. As pernas não obedeciam, o coração quase a saltar, as mãos tremiam e os olhos, todavia enxutos, aguardavam ordens para transbordar.
A TV ligada nos desenhos animados. Um beijo nas crianças chamadas à pressa.
E a outra no carro.
À porta.
À espera.
Nem teve de esperar muito.
Coisa rápida...5 minutos e estava despachada a questão.
Carlos saiu ufano absorto em gloriosos pensamentos.
Safa! Até tinha corrido bem. Ela ficara sem pinga de sangue e não reagira. Boa! és os maior! É assim mesmo! Acabou, acabou! Não era preciso dizer mais nada. Lamechices para quê. Ainda bem que a Marta me obrigou, senão ainda não era desta.
Agora vida nova! Toca a gozar!
E o carro partiu como chegou. Sem avisar.

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