quinta-feira, 17 de abril de 2008

o futuro é uma aventura com o nosso nome


o futuro será a aventura
que quisermos que seja
que agrade a ambos
como a um só
o futuro será o caminho paralelo
talvez com pedras
que removeremos com cuidado
com alegrias e tristezas
partilhadas
que por o serem
serão maiores
ou mais suaves
o futuro será
um belo dia de sol
onde voltaremos a sentir
o bater do coração
ou um dia de chuva
onde nos sentaremos
enroscados à lareira
o futuro será composto
de dias de partilha
de silêncios
ou de risos
o futuro é uma aventura
com o nosso nome

terça-feira, 15 de abril de 2008

gostava de voltar atrás


gostava de voltar atrás
quando escrevia os nossos nomes
em todos cadernos
bem no meio de grandes corações
gostava de voltar atrás
aqueles momentos
em que tudo era para sempre
e as nossas mãos
eram para nunca ser largadas
em que só o teu olhar
me fazia tantas vezes corar
gostava de voltar atrás
aquela sala de cinema
onde timidamente
entrelaçávamos as mãos
gostava de voltar atrás
e dançar um "slow"
encostada ao teu ombro
ao som do bater do teu coração
só meu
gostava de voltar atrás
quando te sabia sempre aí
enquanto aguardava
o toque frenético
dos intervalos
das aulas
onde sonhava contigo

segunda-feira, 14 de abril de 2008

hoje estou carente



hoje estou carente
de pele
de calor
de sentir-me
hoje quero que as nuvens partam de vez
e que o sol brilhe
hoje quero ter pássaros
que cantem só para mim
enquanto me acomodo na areia quente
quero palmeiras plantadas
na beira do meu mar
de azul intenso cristalino
hoje fujo do cinzento
emolduro para sempre o desconforto
para o olhar de soslaio
só de quando em vez
e apreciar o quanto posso ser feliz

domingo, 13 de abril de 2008

estou ocupada



estou ocupada
semi-ocupada
ocupadissima às vezes
não tenho tempo
perco-me no tempo
gasto o tempo
com tanta coisa
tanta gente
com os outros
estou disponível
semi-disponível
indisponível
para alguns
para ti
para mim
estou irritada
semi-irritada
irritadissima
comigo
convosco
com a vida
sou sociável
semi-sociável
anti-sociável
comigo
para mim
em mim

sábado, 12 de abril de 2008

para lá do arco-iris




deslumbro-me com as cores do arco-íris

etéreo

expontâneo

misterioso

páro

encosto a cabeça

no teu ombro

e olhamos em silêncio

aponto-te todas as tonalidades

que descubro

apontas-me outras que não via

deslumbrados

pego-te na mão e seguimos juntos

o caminho da descoberta do que existe

para lá do arco-íris

sexta-feira, 11 de abril de 2008

gosto de brilhantes


gosto dos brilhantes
que escorrem em gotas de água
dos brilhantes reflexos
da caneta com que escrevo
gosto de brilhantes dias
de sol
gosto das tonalidades brilhantes
do meu cabelo
reflectidos no brilho
dos teus olhos
das cores brilhantes
do arco-iris
gosto das palavras brilhantes
dos dias em que me sinto
brilhante

sou o palco



sou o palco
tu a plateia
represento tudo
para ti
invento-me em personagens
invisíveis
canto
danço
choro
em silencio
observas na plateia
do palco não te vejo
com as luzes que me focam
e desfocam o olhar
imagino-te
aí do outro lado
vendo-me no palco
onde hoje represento tudo para ti
até ao cair do pano

estou doente


estou doente
com febre alta
deliro em ideias
que me atropelam
não como
não durmo
só escrevo
coisas que ignoro
de onde saem
estou doente
sem forças para lutar
contra esta vaga
que fervilha e me varre
a toda a hora
escrevinho em todos os papéis
que encontro
frases, ideias, palavras
sem sentido
quando a febre abranda
amarro umas
às outras
nesta febre
de picos descontrolados
não tenho saudades
dos tempos em que estou saudável

quinta-feira, 10 de abril de 2008


só pelo facto de ser mulher


visto a minha saia
mais travada
realço todos os contornos
faço aquele risco
bem certinho
que me reaviva o olhar
nos olhares furtivos
que me lanças
cativo-te os olhos
que desvias
rio-me do efeito
que produzo
do ar adolescente
que ainda ostentas
quando finjes que nem sequer olhas para mim
sigo mais segura
o meu caminho
nos dias em que sinto o desconcerto
que ainda consigo provocar
em ti
só pelo facto de ser mulher

terça-feira, 8 de abril de 2008

enquanto me inspiras


sou o cheiro suave da lavanda
que te inunda o pensamento
velas por mim
em sonhos
que não quero assombrar
deslumbro-te com cores
que invento
"á la minute"
só para ti
enquanto sonhas
não durmo
neste turbilhão de ideias
que me trazes
obrigas-me a pensar
enquanto ondulo
ao sabor da brisa
perfumando o ar que te rodeia
sentes-te firme
eu oscilo
enquanto me inspiras

segunda-feira, 7 de abril de 2008

if you where in my shoes

would you run away in fear?
would you stay along with me?
would you clear away my tears?
would you hold me in your arms?
would you hugh me when I need?
would you count my stars above?
would you write my name in trees?
would you really love me forever?
would you never let me down?
would you always feel my skin?
would you ever understand
how is being in my shoes?

aguardo algum indício de tormenta

estou perdida
nesta praia deserta
o caminho acabou aqui
ignoro o que fazer
se avanço se retrocedo
estou expectante
da minha decisão
o desconhecido atrai-me
o conhecido dá-me segurança
observo a tranquilidade
da areia quente
que hoje não me fustiga
a magestosidade dos socalcos
do mar azul
que não temo
o céu claro inspira-me
encho os pulmões
com a brisa pura
e aguardo algum indício
de tormenta

domingo, 6 de abril de 2008

em ponto morto


não sei se
por medo
por instinto
ou cobardia
abrando e páro
na berma
sempre em ponto morto
o coração salta-me do peito
enquanto
observo o fluir
do trânsito intenso
que me ignora
não posso ficar aqui
em segurança
para sempre
terei de arriscar um dia
mas temo
não aguentar
novos despistes
opto por ficar
em ponto morto

sábado, 5 de abril de 2008

sou eu quem escreve


sou eu quem escreve
as palavras
desta história
que no fundo
é só minha

sou eu quem sentiu
ao rubro
nesta pele
tudo aquilo
que só hoje te digo

sou eu que curo
sozinha
nos silêncios
as minhas feridas
ou que as faço

sou eu quem ri
tantas vezes
do passado
quando
só pretendia fazê-lo
do futuro

sou eu quem chorou
tantas vezes
quando estavas
tu ali
e
eu aqui

sou eu aquela
que perdeste
e que não esqueces
mas que
ainda hoje sei
que não conheces

sou eu
talvez
o teu futuro
se um dia conseguir
esquecer
o meu passado

ergue o teu cálice
se achas que mereço
quando chegar o fim
desta viagem
para poder
no ultimo suspiro
saber que
afinal marquei alguém

sexta-feira, 4 de abril de 2008

tivera eu destes olhos

tivera eu destes olhos
profundos e transparentes
ao invés daqueles que tenho
banais
que tanto te encantam
onde consegues ver estrelas
em tão nublado céu ...

talvez o tempo se altere
e o céu fique claro um dia
ou
os meus olhos se adaptem
à imagem que tens dos meus

quinta-feira, 3 de abril de 2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

como sempre


exibo-me na oralidade
que transcrevo
nela encontras a segurança
que não tenho
não te iludas!
nesta exibição
escondo os medos
do tempo percorrido
em inconstantes retrocessos
resolvo-me nas dúvidas que tenho
atropeladas por acontecimentos
tantas vezes casuais
mas continuo insegura
como sempre

do tempo em que nem apreciava pérolas

remexo no baú da memória traiçoeira
e finalmente
descubro as pérolas
que julguei perdidas
olho
com avareza
toda esta riqueza acumulada
hoje de valor incalculável
que desconhecia ter guardado
toco a medo
nas pérolas
baças
esquecidas
e frias
preciso de as ostentar
junto ao peito
para recuperarem
o calor e o brilho de outrora
do tempo em que nem apreciava pérolas

no mar em que navegaste


no mar em que navegaste

tantas vezes fustigado pelas marés
noutras ao sabor do vento
lançaste a âncora
julgando-te seguro
hoje olho para ti
e sinto a tua sede de mar
vejo as cores que julgaste ter perdido
hoje quero navegar no mar azul
dos teus olhos
sussurrar-te palavras sem sentido
só para sentir o teu cheiro
e inebriar-me de ti
no romantismo extravasado
do que és sem saberes
elaboro-me para ti
unicamente
para que tu um dia
te libertes de vez
e possas navegar na luz dos meus olhos