sábado, 9 de maio de 2009

Que belo dia este!

Uma chilreada frenética de andorinhas acordou-a cedo. Abriu a janela de par em par, olhou o ninho ontem vazio e sorriu. Já era tempo. Desceu as escadas e, pela primeira vez, desde há muitos dias, sentiu uma fome de sandes e café forte bem quente.Pegou no seu caderno preto e sentou-se no jardim. Voltora a sentir ganas de escrever e num impeto a caneta movimentou-se em várias direcções naquela folha branca:
"Hoje deitei fora todas as tuas memórias! Cansam-me, nada me dizem.
Hoje libertei-me de todas as coisas tolas que me deste.
Hoje as sementes já mirraram, os papéis amareleceram, as bonecas perderam a cor e todas aquelas pinhas que atearam o fogo da paixão se desfizeram.
Não sei do marca livros.
Perdi-o certamente no meio de alguma página a cheirar a mofo.
Detestava aquele mocho empertigado, nunca to disse, tal como detestava as molas com que prendias pela casa os teus versos patéticos.

Hoje é o princípio do teu fim."
Fechou os olhos e sorriu.
Que belo dia este!

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