domingo, 20 de abril de 2008

hoje sirvo-vos poesia

como entrada:

terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
mal de te amar neste lugar de imperfeição
onde tudo nos quebra e emudece
onde tudo nos mente e nos separa

que nenhuma estrela queime o teu perfil
que nenhum deus se lembre do teu nome
que nem o vento passe onde tu passas,

para ti criarei um dia puro
livre como o vento e repetido
como o florir das ondas ordenadas.

Sophia de Mello Breyner Andresen in "Terror de te amar"

como 1º prato:

Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer;

Luiz Vaz de Camões

como 2º prato:

pedem tanto a quem ama: pedem
o amor.Ainda pedem
a solidão e a loucura.

Herberto Helder in "Poesia Toda"

como sobremesa:

apetece como um barco.
tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?

Fernando Pessoa in "Poesia"

1 comentário:

Anónimo disse...

O menu hoje é mais light do que o do último Domingo, mas depois de uma semana de poesia séria e profunda, acho que mereciamos hoje este brinde, fique tranquila e viva a vida.;)
Comentário à "ana disse..." no que me diz respeito a só assinar por baixo,é que eu não existo, sou ficção, venho de longe e neste momento ando à procura de uma fresta por onde entrar no vosso mundo terrestre onde me têm dito,por onde ando, que ainda à gente com corações onde circula um liquído vermelho que no meu planeta é a cor do Amor.;)

Tourobravo