sexta-feira, 21 de março de 2008

tenho dias em que floresço no deserto


o tempo aproxima-se do infinito
enquanto te esfumas
na minha mente
acendo um cigarro
e observo
as curvas sinuosas
do meu fumo
perdi a conta aos dias
em que não vivi
enrosco-me
na parte confortável de mim
esgueiro-me da outra
ultrapasso-a lentamente
contornando a curva
do que fui
esqueço tantas vezes
os silêncios que me despistaram
procuro seguir
sem desvios
a estrada
as paragens faço-as por cansaço
não por gosto
compreendes dentro do incompreensível
questionas-me
sem me julgares
nas respostas que te dou
surpreendo-me
afinal não é só o cansaço
sinto na pele
o tempo a fugir de mim
a estrada em que conduzo
já por instinto
tantas vezes se torna longa
assustadoramente sem vivalma
o telefone emudeceu
e tenho dores no peito
tantas vezes
que já lhes perdi a conta
aprendi a controlá-las
tenho dias em que floresço no deserto
noutros definho

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