sábado, 29 de março de 2008

o mais fácil era parar de pintar


procuro-me no silêncio da noite
não estás cá
estou só
como sempre estive
afugento a solidão
transcrevendo para a tela
onde me pinto
a minha caligrafia mais perfeita
moldo os meus traços indeléveis
faço sombras nos locais correctos
escolho as cores do meu retrato
pormenorizo à exaustão
todos os meus detalhes
afasto-me
e contemplo ao longe
a minha obra
não me revejo em nada do que pinto
falta-me a ténica
que nunca me foi ensinada
é o que consigo de momento
no instinto do que sou
vou avançando
com base nas experiências
que tanto procuro esquecer
complico tudo aquilo em que toco
quando o mais fácil era parar de pintar

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