sábado, 10 de novembro de 2007

Vou-vos contar como foi: o comboio entrava na gare de Cascais, (nós, lembras-te? vínhamos do Liceu de S. João, andávamos então no 7º ano, no antigo claro que nós já somos das antigas!) a porta estava aberta, e tu dizes-me: “ salta” e eu estúpida que fiz? Saltei mesmo! Só que, duplamente burra, não corri, fiquei estática como um calhau.
Resultado: estatelei-me ao comprido e as calças rasgaram-se de alto a baixo pelas costuras.
Nem piei.
Uma vergonha descomunal, silêncio seguido de uma risada geral na gare e eu erguida a caminhar, como se nada fosse, com a minha pasta a tapar o rabo e uma mão a tapar à frente, com toda a dignidade, por fora, e por dentro a morrer de vergonha, o usual em mim.
Tal como não piei quando cortei parte da cabeça de um dedo a cortar gelo com uma faca quando tinha talvez 8 anos, nem um pio, pus o dedo na sanita a escorrer o sangue e tratei sozinha de tudo apesar do coração me teimar em saltar para a ponta do dedo.
Este coração partido, com cicatrizes que teimam em não sarar, que ninguém conhece nem eu própria.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois olha que fiquei aflita... e não me lembro nada da risada geral. Até acho que te emprestei a mala/cesto que usava, lembras-te?
Ai as memórias já se vão...

Cristina disse...

é verdade lembro-me de o fazeres, tu ficaste aflitissima,eu sei, talvez até mais do que eu, que estava apardalada e pensando bem talvez a risada não tenha existido senão na minha cabeça... deixa estar não é grave... vamos completando a memória.