sexta-feira, 31 de outubro de 2008

transparências

não me toques
nas minhas transparências
não me enfraqueças
nas minhas dúvidas
não me sintas
nos meus sentimentos
não te sintas cálido
no meu frio
o tempo muda
sabiamente

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

meras vagas

não passam de meras vagas

aparências

pintei tantas fachadas
de cores alegres
demasiado berrantes
que feriam
a vista
distraindo
do que verdadeiramente importava
tapei todas as fendas visiveis
procurando
aparentemente bem
esconder-me de mim
hoje mostro-te as falhas
as fraquezas
da minha humanidade
julga-me
mas não pelas aparências

domingo, 26 de outubro de 2008

em mares de desassossegos

em mares de desassossegos
fico à margem
em dias de lua cheia
choro a imensidão da luz
que chove em mim
nos gritos do vento
oiço o respirar ofegante
do meu coração
nas sombras do meu cabelo
persigo generosidades
baratas
hoje passou uma borboleta
indiferente
enquanto dois pássaros
chilreavam em galhos alheios

sou muitas mães

sou muitas mães
que ouvem
que choram
que protegem
sou muitas mães
que agridem
que se arrependem
sou mães diferentes
iguais ou inigualáveis
sou mães perdidas
sem desculpas
sem ausências
sou mães que sofrem
que se alegram
que duvidam
sim eu sei
sou muitas mães
que lutam

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

alinho os meus traços imperfeitos



alinho os meus traços imperfeitos
às vezes fazem sentido
ali alinhadinhos
certinhos
quase perfeitos
por vezes ajeito a madeixa
teimosa que me cobre os olhos
retomo então os traços imperfeitos
que tu não vês
na sombra dos meus olhos

desabam-te as memórias

desabam-te as memórias
em catacumbas sombrias

infiltro.me a medo

infiltro-me a medo

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

no meio desta opressão

no meio desta forte opressão
que me comprime o peito
com feridas entrelaçadas
vou arrastando comigo
os teus objectos ofensivos
enquanto me magoam
os pensamentos que te assolam
ainda que em forma de pesadelos
esvoaçantes
oferece-me de vez as tuas dores
invisivelmente insuportáveis
e sobretudo não te esqueças
que te amo

domingo, 5 de outubro de 2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

castas

castas

convidas-me

por entre portas acolhedoramente fechadas

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

nas veias que me escondes

nas veias que me escondes
nas palavras que teimas em guardar
cai o silêncio dos tempos acumulados
na dureza inglória que escolheste envergar
não consigo dizer-te o que sinto
as palavras amontoam-se na garganta
cortam-me a respiração
quero escrever-te tudo
e as letras suplicam-me que as deixe
queria tocar-te em abraços
mas as mãos ficam imóveis
escorregam-me lágrimas que não quero
nada que faça altera o curso
percorreremos os veios traçados
por entre arrependimentos
que nunca revelaremos
nós somos assim
nada a fazer

terça-feira, 23 de setembro de 2008

não tenhas medo do medo

não tenhas medo do medo
não fujas
ele vai-te encontrar
o medo não é só teu
confia que o vais superar
o medo não tem razão
é sombra unicamente
terás de senti-lo
em vão
para puderes seguir
em frente
não tenhas medo
estou cá
em abraços consentidos
sente a força que tens
não tenhas medo
do medo

domingo, 21 de setembro de 2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

percorro vielas

percorro vielas
onde te sinto
visito outras
que têm o meu cheiro
fujo dos becos
guardados por cães ferozes
dos caminhos
que assinalam perigo
e dos outros
perigosamente calmos
debruados
por monótonas paisagens
descubro estradas
que alteraram
os sentidos
outras que quero percorrer
a teu lado

terça-feira, 16 de setembro de 2008

segunda-feira, 15 de setembro de 2008