como é possivel
conheceres-me
tão mal
como vives feliz (?)
na tua vida (?)
tão oca que até faz eco
quando te tornaste
tão arrepiantemente cinzento
como me pudeste perder
e ter orgulho nisso
como pude um dia
sequer olhar para ti
redescobrir-me, libertar-me de algumas das camadas de pele que teimam em não cair, reinventar-me expondo a minha nudez...
segunda-feira, 30 de junho de 2008
hoje tenho orgulho em ti
no que és
no que te deixei ser
hoje sei que cresceste
que serás grande
em todos os sentidos
hoje digo que te amo
enquanto digo ao mundo
no que te deixei ser
hoje sei que cresceste
que serás grande
em todos os sentidos
hoje digo que te amo
enquanto digo ao mundo
que estou feliz
por te ver crescida
calma, forte
menos indecisa
hoje digo-te por escrito
que tenho orgulho
no que te tornaste
no teu futuro
que será brilhante
certamente
e que será só teu
hoje digo-te
que te deixarei voar
porque sei que regressarás
sempre
domingo, 29 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
quarta-feira, 25 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
segunda-feira, 23 de junho de 2008
e tu nem soubeste que te vi
ontem vi-te tão curvada
em pesos nunca sonhados
vi-te a pele encarquilhada
escondida atrás dos risos
senti instantes da vida
escorrer-te por entre os dedos
nos socalcos em que te moves
bem fundo
nos teus degredos
ontem vi-te
de passagem
em cenas idealizadas
vi-te em casas
de romances
em curvas bem apertadas
ontem vi-te
nos riachos
que carregas como cruz
em aguas tão cristalinas
onde só transborda a luz
vi-te em crias que defendes
em noites de tempestade
ontem vi-te da janela
e tu nem soubeste que te vi
em pesos nunca sonhados
vi-te a pele encarquilhada
escondida atrás dos risos
senti instantes da vida
escorrer-te por entre os dedos
nos socalcos em que te moves
bem fundo
nos teus degredos
ontem vi-te
de passagem
em cenas idealizadas
vi-te em casas
de romances
em curvas bem apertadas
ontem vi-te
nos riachos
que carregas como cruz
em aguas tão cristalinas
onde só transborda a luz
vi-te em crias que defendes
em noites de tempestade
ontem vi-te da janela
e tu nem soubeste que te vi
domingo, 22 de junho de 2008
o tempo vela a eternidade
não suspendas o tempo
em suspensões irreais
vive
sofre na pele
rebela-te
ama
odeia
mas não percas tempo
com o tempo
em iras tão insensatas
parte de onde estás
ignora o teu redor
se sentires que é certo
o teu caminho
não julgues os teus momentos
esculpidos em pedras duras
o tempo será eterno
só tu é que não perduras
sábado, 21 de junho de 2008
sexta-feira, 20 de junho de 2008
hoje não te peço que leias
as palavras que traduzo
peço-te só que me sintas
em imagens distraidas
de abandonos
quinta-feira, 19 de junho de 2008
hoje sinto flores
hoje sinto flores
quando me movo no cheiro
da sua fragilidade
hoje as flores
coloriram-se só para mim
matizadas de cheiros fortes
e trouxeram árvores
exuberantemente verdes
não corre nenhuma brisa
a natureza estática dinamiza-se
em maravilhas simples
feitas de pássaros
prisioneiros de instintos
e de flora instintivamente livre
hoje está um belo dia
e eu estou à flor da pele
busco-te em palavras
nem todas as rosas
terça-feira, 17 de junho de 2008
estamos sós
como tantos outros
solitáriamente em percursos
ora de vales
verdejantes
ora de montanhas
ingremes
em desalentos de solidão
repelente
entranhada em nós
invejámos tantas vezes
os que seguiam
em dias de risos
que queriamos nossos
um dia abriremos portas
de outras rotas
bloqueadas por códigos
desconhecidos
que procuraremos decifrar
solitáriamente em percursos
ora de vales
verdejantes
ora de montanhas
ingremes
em desalentos de solidão
repelente
entranhada em nós
invejámos tantas vezes
os que seguiam
em dias de risos
que queriamos nossos
um dia abriremos portas
de outras rotas
bloqueadas por códigos
desconhecidos
que procuraremos decifrar
segunda-feira, 16 de junho de 2008
estou em brancos
sábado, 14 de junho de 2008
há barcos ancorados
há janelas que aparentam estar presas
sexta-feira, 13 de junho de 2008
há beleza até na decadência
quarta-feira, 11 de junho de 2008
sei ser camaleão
desafias-me eu alinho
gosto de desafios
gosto de me superar
mostrar-te que estou desperta
em todos os sentidos
nesta pele
que não é a que conheces
essa foi-se
tenho outras
tenho muitas outras
gosto de as vestir
conforme entendo
sou ousada
enquanto timida
sou segura
enquanto insegura
sou verdadeira
enquanto hipócrita
mas é isso que te atrai
não serei cobra
como temes
mas sei ser camaleão
gosto de desafios
gosto de me superar
mostrar-te que estou desperta
em todos os sentidos
nesta pele
que não é a que conheces
essa foi-se
tenho outras
tenho muitas outras
gosto de as vestir
conforme entendo
sou ousada
enquanto timida
sou segura
enquanto insegura
sou verdadeira
enquanto hipócrita
mas é isso que te atrai
não serei cobra
como temes
mas sei ser camaleão
terça-feira, 10 de junho de 2008
um dia mostro-te o meu coração e vais gostar
tenho os pés no chão
e o coração no peito
o coração não pode estar no chão
a menos que morto
suja-se, estraga-se
o coração não é feito
para estar nas mãos
nem no chão
no peito é o seu sitio
no peito é o seu sitio
onde baterá
compassado ou
não
mas é feito para bater
com força
a menos que o corpo
esteja moribundo
e aí não serve de nada
só para vegetar
parte-se, cola-se
mas cicatriza sempre
e ainda que demore
recompõe-se
inicialmente em batidas tímidas
que aceleram os ritmos
dos outros dias
que restam
não, não tenho o coração nas mãos
não, isso não
guardo-o a sete chaves
no peito
castigo-o
quando se solta
mais do que pretendo
mas podes contar com ele
um dia mostro-te
mas podes contar com ele
um dia mostro-te
o meu coração
e vais gostar.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
já só há sapos
domingo, 8 de junho de 2008
cada vez mais ocupada
sexta-feira, 6 de junho de 2008
neste lugar
não chores
indevidos prantos
enquanto me cercam muros
não feches
todos os livros
em que tropeças em mim
os livros
são para ser lidos
morrem em prateleiras
não tenhas
mágoas sentidas
eu estive aí
em todos os momentos
das memórias
não peças
para as guardar
num canto
elas estão
em todas as prendas
de afecto
não fujas
em vão de ti
do caminho pela frente
segue-o
eu estarei lá
não desistas
da viagem
parte
se tiver de ser
o porto não foi ilusão
apenas não era seguro
ainda
não sonhes
só as memórias
voa,
ousa sonhar
permanecerei
em sons
em sombras
no ar
mas
permaneço
aqui
neste lugar
indevidos prantos
enquanto me cercam muros
não feches
todos os livros
em que tropeças em mim
os livros
são para ser lidos
morrem em prateleiras
não tenhas
mágoas sentidas
eu estive aí
em todos os momentos
das memórias
não peças
para as guardar
num canto
elas estão
em todas as prendas
de afecto
não fujas
em vão de ti
do caminho pela frente
segue-o
eu estarei lá
não desistas
da viagem
parte
se tiver de ser
o porto não foi ilusão
apenas não era seguro
ainda
não sonhes
só as memórias
voa,
ousa sonhar
permanecerei
em sons
em sombras
no ar
mas
permaneço
aqui
neste lugar
quinta-feira, 5 de junho de 2008
talvez um dia
em volúpias mescladas
de sons de mares de búzios
brancos
ocos de conteúdos
indiferentes ao sabor a nós
serpentearemos movimentos
em ondulações de areias
movediças
em perigos inquietos
um dia
cometeremos crimes
uma, outra e outra vez
em sopros de inspirações
de momentos insanos
e
contaremos histórias
fabulosas
sem desistências vãs
um dia
exibiremos com orgulho
as tatuagens
que com desvelo
realizámos na nossa pele
talvez um dia
de sons de mares de búzios
brancos
ocos de conteúdos
indiferentes ao sabor a nós
serpentearemos movimentos
em ondulações de areias
movediças
em perigos inquietos
um dia
cometeremos crimes
uma, outra e outra vez
em sopros de inspirações
de momentos insanos
e
contaremos histórias
fabulosas
sem desistências vãs
um dia
exibiremos com orgulho
as tatuagens
que com desvelo
realizámos na nossa pele
talvez um dia
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Carta
Não falei contigo com medo que os montes e vales que me achas, caíssem a teus pés.Acredito e entendo que a estabilidade lógica de quem não quer explodir, faça bem ao escudo que és.Saudade é o ar que vou sugando e aceitando, como fruto de Verão dos jardins do teu beijo.Mas sinto que sabes que sentes que também num dia maior, serás trapézio sem rede a pairar sobre o mundo, e em tudo o que vejo.É que hoje acordei e lembrei-me, que sou mago feiticeiro, e que a minha bola de cristal é folha de papel. E nela te pinto nua. Nua, numa chama minha e tua.Desconfio que ainda não reparaste que o teu destino foi inventado por gira-discos estragados aos quais te vais moldando.E que todo o teu planeamento estratégico de sincronização do coração são mais como paredes e tectos, cujos vidros vais pisando.Anseio o dia em que acordares por cima de todos os teus números, raízes quadradas de somas subtraídas, sempre com a mesma solução. Não podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso, harmonioso ao teu gesto mimado e à palma da tua mão.É que hoje acordei e lembrei-me, que sou mago feiticeiro, e que a minha bola de cristal é folha de papel. E nela te pinto nua. Nua, numa chama minha e tua. Numa chama minha e tua.Desculpa se te fiz fogo e noite sem pedir autorização por escrito, ao sindicato dos Deuses, mas não fui eu que te escolhi. Desculpa se te usei como refúgio dos meus sentidos, pedaço de silêncios perdidos que voltei a encontrar em ti.É que hoje acordei e lembrei-me, que sou mago feiticeiro. E nela te pinto nua. Nua, numa chama minha e tua. Numa chama minha e tua.Ainda magoas alguém. O tiro passou-me ao lado. Ainda magoas alguém. Se não te deste a ninguém, magoaste alguém a mim passou-me ao lado, a mim passou-me ao lado.
(Toranja- CARTA)
mente-me
diz que estarás
sempre aí
que sentes a falta
que não te faço
que sou o sol que te ilumina
sempre aí
que sentes a falta
que não te faço
que sou o sol que te ilumina
em noites de lua cheia
que entendes tudo
o que eu digo
e compreendes tudo
o que não faço
mente-me
diz-me que morres
um pouco
sempre que não estou
que sentes a falta
da minha pele
que entendes tudo
o que eu digo
e compreendes tudo
o que não faço
mente-me
diz-me que morres
um pouco
sempre que não estou
que sentes a falta
da minha pele
hoje mente-me
que eu não acredito
que eu não acredito
ontem lia-te
ontem lia-te
hoje escrevo-te
e se ontem te admirava
hoje admiro-me
do tanto que escondi
de mim e de ti
hoje escrevo-te
e se ontem te admirava
hoje admiro-me
do tanto que escondi
de mim e de ti
há tempos que o tempo
não desdenha
tempos temporariamente
temporários
há pensamentos que a razão
não sente
pensamentos pensativamente
pensados
há momentos que a memória
não reconhece
momentos momentaneamente
momentâneos
há acasos que o corpo
não espera
acasos casualmente
casuais
há dramas que os sonhos
não contemplam
dramas dramaticamente
dramáticos
há memórias que a chuva
não apaga
memórias imemoravelmente
memoráveis
há tempos certos para tudo
e ainda há tanto tempo
pela frente...
segunda-feira, 2 de junho de 2008
visto-me de rosas pétalas
visto-me de rosas pétalas
em amostras coloridas
do que sou
quero mostrar-te
as minhas novas cores
fortemente suaves
do que sou
quero mostrar-te
as minhas novas cores
fortemente suaves
vesti-las só para ti
inebriar-te
nos meus cheiros
maioritariamente inodoros
extasiar-te
na difusão da emoção
do que sei que sou
e não exibo
por contrastes
divergências
ou pudores
descobre-me hoje
nos rosas
e em todas as outras cores
inebriar-te
nos meus cheiros
maioritariamente inodoros
extasiar-te
na difusão da emoção
do que sei que sou
e não exibo
por contrastes
divergências
ou pudores
descobre-me hoje
nos rosas
e em todas as outras cores
tenho sonhos serenos
tenho sonhos serenos
tranquilos
momentos doces
de fácil abandono
em levitações
de meros sorrisos
tenho sonhos duros
muito agrestes
de espinhos profundos
que se enterram
na carne desprotegida
tenho sonhos cheios
e vazios
sonhos de cores
e de pretos, brancos e cinzentos
sonhos cálidos
e gelados
hoje os meus sonhos são doces
tão doces como tu
que também sonhas
em momentos mistos
de poucos sonhos e tantas realidades
a casa ficou deserta
sem sons
só ecos da tua ausência
envolta em teias
tecidas com arte e mestria
aprisionada em fios
deixou de respirar por si
abriu fendas
e deixou o vento entrar
em uivos alucinantes
com ele vieram as folhas
o pó
a poeira
o tempo arrefeceu tanto...
e na casa começou a derrocada
reencontro?
percorro o teu nome
em suaves movimentos
enquanto permaneço
imóvel no tempo
em que parti
de ti
sinto-te na noite
invicta
em que nos descobrimos
em terras
de Pedro e de Inês
por entre
clandestinidades consentidas
feitas de sonhos
tão ternos...
neste hiato doloroso
vezes sem conta
as nossas estrelas
permaneceram separadas
temi tantas vezes
por elas
que desisti de olhar o céu
hoje atrevi-me
a procurar a tua
permanecem
aparentemente intactas
neste vastíssimo
universo
destino?
sorte?
reencontro?
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